segunda-feira, 13 de setembro de 2010
GNL - Mercados consumidores
O mercado consumidor atual de GNL pode ser dividido em três áreas: Extremo Oriente (Japão, Coréia e Formosa), Europa e Estados Unidos. Estes mercados desenvolveram-se de formas diferentes, resultando, como veremos a seguir, em preços diferentes de venda. Ainda não há um mercado global de GNL, e sim mercados regionais. O Japão, impulsionado pela reduzida oferta interna de energia, por razões ambientais e de espaço físico (uma termelétrica a gás natural ocupa uma área bem menor que uma nuclear equivalente), lidera com ampla margem o mercado comprador de GNL - mais de 54,2 milhões de toneladas (mt) em 2002, para um total mundial de 112,9 mt. Com a relativa estagnação da economia do país nos últimos anos, o crescimento tem sido até ligeiramente negativo (-1,35% em 2002), mas deve recuperar-se em breve.
A Coréia, depois de uma queda entre 1997 e 1999, cresceu rapidamente, e ocupou o segundo lugar mundial em 2002, com 17,8 mt. Taiwan, o terceiro maior consumidor asiático, atingiu 5,4 mt em 2002 (13% de crescimento em um ano), e deverá chegar a 16 mt em 2015. A Índia já tem contratos para futura importação de GNL, e a China deverá segui-la em breve. Como um todo, o mercado asiático, que consumiu 77,4 mt em 2002, poderá ultrapassar 100 mt em 2010.
A Europa, diferentemente da Ásia, tem possibilidades de ser abastecida por gasodutos vindos de zonas produtoras externas (especialmente Norte da África e Sibéria), e conta ainda com reservas internas consideráveis. Desta forma, o GNL encontra competição intensa, obrigando à prática de preços menores. Menos de um décimo do mercado de gás europeu é hoje suprido por GNL, e o atual patamar de 30 mtpa (liderado em 2002 pela França e Espanha, ambas na faixa de 10,3 mt), não deve ser muito ultrapassado nos próximos anos. A capacidade produtora, compatível com este consumo, hoje concentrada na Argélia e Líbia, está sendo aumentada para 30 mtpa com as recentes instalações em Trinidad e Nigéria.
Novos mercados, como o sul americano, deverão demorar algum tempo para desenvolver-se, embora já se fale em uniddes de liqüefação na Venezuela, Peru e mesmo no Brasil - um dos possíveis aproveitamentos das novas reservas de Santos, visando o mercado americano. Em termos de recepção de GNL (unidades de regaseificação), as que estavam previstas no Brasil estão com seus projetos paralizados (no Suape, Pernambucano, e em Pecém, Ceará).
Os Estados Unidos, iniciadores da tecnologia do GNL, foram inicialmente vistos como o melhor mercado para o produto na década de 70. Estas expectativas não se concretizaram, e hoje menos de 1% do mercado americano é atendido por GNL. Isto provocou a quase completa paralização de suas quatro unidades de regaseificação do litoral do Atlântico. Nos últimos anos, entretanto, a escassez de gás natural na América do Norte inverteu completamente esta tendência, e hoje há nada menos de trinta novos terminais marítimos em estudo, alguns já autorizados, além da reativação dos antigos. Não parece haver dúvida de que os Estados Unidos serão o grande impulsionador do mercado de GNL nos próximos anos, e grande parte da expansão das unidades de liqüefação (como a de Trinidad & Tobago) visa o novo e gigantesco mercado que se abre.
Pela descrição que fizemos acima, pode-se verificar que se trata de três áreas com comportamentos diversos, o que tem influência direta nos preços. Em 1998, o valor de venda do gás no Extremo Oriente era cerca de 25% superior ao da Europa, e de quase 50% em relação ao americano - o que vem se alterando a cada dia, sem uma estabilização ou mesmo a perspectiva de um preço válido para transações internacionais. Desta forma, o GNL ainda não se comporta como "commodity" global, e tem seu mercado, como dissemos, segmentado em regiões.
Por: Keise
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